V O C Ê
ㅤㅤㅤVocê foi uma criança cujo viveu uma infância normal, por exceção de constantes pesadelos que o atormentava quase toda noite. Seus pais, sempre muito religiosos e presentes, te criaram bem e foi com eles que você aprendeu muitas lições de vida. Você não possuía muitos amigos, graças à timidez. Apenas uma de suas vizinhas, uma garotinha extrovertida e animada, fez questão de investir na amizade de vocês e permaneceu no seu ciclo próximo de amizades por um longo tempo.
ㅤㅤㅤQuanto mais velho ficava, você foi notando que coisas estranhas sempre acontecem com mais frequência com você do que com seus colegas. Por se tratar de uma vizinhança muito apegada a costumes tradicionais e crentes, as pessoas até o olhavam estranho ao pensar que você "atraía" esses eventos trágicos, e passavam a evitar contato. Você se tornou um pouco mais sozinho e afastado, tendo contato constante apenas com a família, especialmente seu irmão mais novo. Sua amiga ainda insistia na amizade de vocês, mesmo você sendo um pouco apático em relação a ela.
ㅤㅤㅤIsso melhorou consideravelmente durante sua adolescência, quando você conheceu um garoto, colega de classe, tão solitário quanto você. As pessoas pareciam evitar o garoto, assim como ele parecia evitar as pessoas. Você se aproximou por curiosidade, ao vê-lo isolado enquanto almoçava. Sua, até então, única amiga não era uma das mais "fãs" dessa amizade, mas ela não falava nada além de "tome cuidado com ele".
ㅤㅤㅤVocê deveria ter ouvido sua amiga, o garoto era realmente estranho e virou suas crenças de cabeça para baixo, pelo fato de ser uma fã de magia negra e ocultismo. Agora, não somente eventos ruins aconteciam com frequência, mas você também atraía com facilidade qualquer coisa que já tenha passado dessa para uma melhor. O garoto, ao perceber que você havia se tornado uma imã de problemas, o abandonou; mudou-se de país e você nunca mais ouviu falar dele.
ㅤㅤㅤAos poucos, você foi aprendendo a se defender usando seus conhecimentos de magia branca; estas quais seus pais lhe ensinaram. Um conhecimento milenar, passado de geração a geração. Um pouco do seu azar havia desaparecido e não era comum encontrar coisas muito bizarras por aí, no máximo algumas almas penadas em busca de ajuda. Você prontamente sempre as ajudou a alcançar o tão famoso "outro lado".
ㅤㅤㅤUm pouco antes de se formar, sua amiga declarou seus sentimentos para você. Você claramente não retribuía, mas por não querer magoá-la, aceitou e dali vocês desenvolveram uma relação mais próxima, como namorados. Ao finalmente se formar no ensino médio, você foi pressionado por sua família e pela família dela, e então a pediu em casamento. Ela aceitou, mesmo sabendo que era cedo demais e que você não estava tão feliz com a situação quanto ela.
ㅤㅤㅤVocês se casaram pouco tempo depois. Jovens e ambiciosos, ela talvez seja bem mais que você. Ela iniciou os estudos em advocacia, pretendendo seguir carreira como advogada até se tornar juíza, tendo total apoio de sua família. Você foi ajudar seus pais na lojinha de artigos religiosos; um negócio próspero e muito antigo de família. Em nenhum lugar era possível achar certos artigos e conhecimentos tão avançados e acessíveis para a polulação comum, exceto por aquele comércio cujos seus pais eram donos.
ㅤㅤㅤQuando sua esposa se formou, ela compartilhou com você a vontade de ter filhos. Você foi contra, disse que estava muito cedo para pensar naquilo. Ela não tocou mais no assunto, no entanto, você está sendo cobrado por isso constantemente por todo o seu ciclo de convivência, exceto por ela. Você continuou com estudos de magia branca, tornando-se um razoável especialista no assunto.
ㅤㅤㅤA magia branca não parecia mais ser o suficiente para domar tudo aquilo que sempre te perseguiu, então você lembrou daquele seu antigo amigo de escola. A curiosidade pelo oculto o encantou outra vez e você começou a investir pesado em aprender tudo sobre ocultismo, sem sair da zona de segurança que seu conhecimento em runas e amuletos de magia branca lhe ofereciam. Ao não estar satisfeito com a zona de segurança, você avançou e começou a aprender também magia negra, apenas para fins de conhecimento.
ㅤㅤㅤNo começo foi muito difícil lidar com tudo aquilo, mas você conseguiu conforme ia aprendendo com diversos grimórios e ensinamentos antigos. Você era, agora, mais comum do que qualquer um poderia ser. Tragédias já não ocorriam com frequência e você há um bom tempo não esbarrava em nenhuma alma-penada por aí.
ㅤㅤㅤNo entanto, o seu problema sempre foi não ouvir conselhos e ditados; principalmente aquele que diz: a curiosidade matou o gato. Sua esposa desconfia dos seus estudos, mas ela jamais o confronta ou questiona sobre o que você faz no seu escritório. Seus pais pensam que você é um religioso assíduo e muito sábio, seu irmão mais novo tem você como herói.
ㅤㅤㅤSua sede de mais o levou a caminhos mais sérios e obscuros, você aprendeu muita coisa que uma pessoa qualquer jamais sonharia em pesquisar. Você estava cada vez mais fascinado pelo outro lado e pela magia que ninguém comenta, consumindo cada vez mais desse conteúdo. Até que, um dia, você foi a uma vila antiga, em busca de conhecimentos que ainda eram muito abstratos para o seu estágio atual. Tudo o que você sabia não parecia ser o suficiente para avançar, você precisava de ajuda.
ㅤㅤㅤA vila de pessoas estranhas e mal-encaradas não parecia bizarra o suficiente para você encontrar alguém que possa te ajudar, exceto por um velho ancião. O idoso lhe ouviu e compreendeu sua vontade de conhecimento, ele então lhe ofereceu uma solução: um papel com coordenadas. É neste local onde você encontrará a resposta que precisa, meu jovem. — Disse o ancião, sem dar mais explicações.
ㅤㅤㅤVocê foi. Chegou a um templo muito velho e caindo aos pedaços, já era noite, o que tornava a floresta que o cercava perigosa e o templo abandonado em si ainda mais assustador. E então, você encontrou. Um grimório. Sua capa era preta, com detalhes em um prata bonito que pareciam até refletir à luz da lua. Todas as informações encontradas no exterior do livro estavam em uma língua desconhecida. Ele por si só era encantador só de observar. Foi então que, sem pensar duas vezes, você o levou para casa. Sabia que abrir grimórios longe de um local de proteção não era recomendado, então você guardou a surpresa para quando chegasse.
ㅤㅤㅤE ali se foram dias e dias, procurando qualquer informação de como lidar com aquele livro que já estava o tirando do sério. Feitiços e mais feitiços, rituais e nada. As folhas do grimório permaneciam vazias.
ㅤㅤㅤRevoltado, quando estava a um passo de jogar o tal livro na cara do idoso que lhe ofereceu essa porcaria; a lua cheia o fez brilhar tanto quanto naquela noite. Você sentiu algo estranho, e então o abriu na luz da lua. As palavras surgiram como mágica, lindamente escritas em um prata quase do mesmo tom da capa. Era hipnotizante.
ㅤㅤㅤAs instruções eram claras e indicavam um ritual de invocação. Você ficou muito apreensivo, já que nunca havia feito um antes. Anotou todo o necessário, fez todos os passos durante dias para que nada desse errado. Após diversas purificações, rituais de proteção e todo o possível para não deixar que nada ali tomasse controle na sua realidade, você fez o ritual.
ㅤㅤㅤTudo estava fluindo e parecia dar certo, até você ouvir batidas na porta. Sua esposa o chamava para jantar. Isso foi o suficiente para te distrair e acabar com todo o ritual.
ㅤㅤㅤO ritual ficou instável o suficiente para explodir. Uma carga energética pesadíssima o atingiu com toda força, embrulhando seu estômago e te dando tonturas. Você fez o possível para ignorar todas as sensações ruins e encerrar o ritual por ali mesmo. Usou de todos os seus conhecimentos, ficando exausto depois de horas.
ㅤㅤㅤDe madrugada, as coisas pareciam ter se acalmado. Você já não sentia a energia ruim que pairava no escritório mais cedo. Tudo parecia ter voltado ao normal, então você suspirou e se preparou para dormir. Foi acordado quase de manhã, por uma criatura estranha o olhando no pé da cama. Você a fez voltar para “casa” e então pôde voltar a dormir, para que pudesse trabalhar no outro dia.
ㅤㅤㅤQuanto mais velho ficava, você foi notando que coisas estranhas sempre acontecem com mais frequência com você do que com seus colegas. Por se tratar de uma vizinhança muito apegada a costumes tradicionais e crentes, as pessoas até o olhavam estranho ao pensar que você "atraía" esses eventos trágicos, e passavam a evitar contato. Você se tornou um pouco mais sozinho e afastado, tendo contato constante apenas com a família, especialmente seu irmão mais novo. Sua amiga ainda insistia na amizade de vocês, mesmo você sendo um pouco apático em relação a ela.
ㅤㅤㅤIsso melhorou consideravelmente durante sua adolescência, quando você conheceu um garoto, colega de classe, tão solitário quanto você. As pessoas pareciam evitar o garoto, assim como ele parecia evitar as pessoas. Você se aproximou por curiosidade, ao vê-lo isolado enquanto almoçava. Sua, até então, única amiga não era uma das mais "fãs" dessa amizade, mas ela não falava nada além de "tome cuidado com ele".
ㅤㅤㅤVocê deveria ter ouvido sua amiga, o garoto era realmente estranho e virou suas crenças de cabeça para baixo, pelo fato de ser uma fã de magia negra e ocultismo. Agora, não somente eventos ruins aconteciam com frequência, mas você também atraía com facilidade qualquer coisa que já tenha passado dessa para uma melhor. O garoto, ao perceber que você havia se tornado uma imã de problemas, o abandonou; mudou-se de país e você nunca mais ouviu falar dele.
ㅤㅤㅤAos poucos, você foi aprendendo a se defender usando seus conhecimentos de magia branca; estas quais seus pais lhe ensinaram. Um conhecimento milenar, passado de geração a geração. Um pouco do seu azar havia desaparecido e não era comum encontrar coisas muito bizarras por aí, no máximo algumas almas penadas em busca de ajuda. Você prontamente sempre as ajudou a alcançar o tão famoso "outro lado".
ㅤㅤㅤUm pouco antes de se formar, sua amiga declarou seus sentimentos para você. Você claramente não retribuía, mas por não querer magoá-la, aceitou e dali vocês desenvolveram uma relação mais próxima, como namorados. Ao finalmente se formar no ensino médio, você foi pressionado por sua família e pela família dela, e então a pediu em casamento. Ela aceitou, mesmo sabendo que era cedo demais e que você não estava tão feliz com a situação quanto ela.
ㅤㅤㅤVocês se casaram pouco tempo depois. Jovens e ambiciosos, ela talvez seja bem mais que você. Ela iniciou os estudos em advocacia, pretendendo seguir carreira como advogada até se tornar juíza, tendo total apoio de sua família. Você foi ajudar seus pais na lojinha de artigos religiosos; um negócio próspero e muito antigo de família. Em nenhum lugar era possível achar certos artigos e conhecimentos tão avançados e acessíveis para a polulação comum, exceto por aquele comércio cujos seus pais eram donos.
ㅤㅤㅤQuando sua esposa se formou, ela compartilhou com você a vontade de ter filhos. Você foi contra, disse que estava muito cedo para pensar naquilo. Ela não tocou mais no assunto, no entanto, você está sendo cobrado por isso constantemente por todo o seu ciclo de convivência, exceto por ela. Você continuou com estudos de magia branca, tornando-se um razoável especialista no assunto.
ㅤㅤㅤA magia branca não parecia mais ser o suficiente para domar tudo aquilo que sempre te perseguiu, então você lembrou daquele seu antigo amigo de escola. A curiosidade pelo oculto o encantou outra vez e você começou a investir pesado em aprender tudo sobre ocultismo, sem sair da zona de segurança que seu conhecimento em runas e amuletos de magia branca lhe ofereciam. Ao não estar satisfeito com a zona de segurança, você avançou e começou a aprender também magia negra, apenas para fins de conhecimento.
ㅤㅤㅤNo começo foi muito difícil lidar com tudo aquilo, mas você conseguiu conforme ia aprendendo com diversos grimórios e ensinamentos antigos. Você era, agora, mais comum do que qualquer um poderia ser. Tragédias já não ocorriam com frequência e você há um bom tempo não esbarrava em nenhuma alma-penada por aí.
ㅤㅤㅤNo entanto, o seu problema sempre foi não ouvir conselhos e ditados; principalmente aquele que diz: a curiosidade matou o gato. Sua esposa desconfia dos seus estudos, mas ela jamais o confronta ou questiona sobre o que você faz no seu escritório. Seus pais pensam que você é um religioso assíduo e muito sábio, seu irmão mais novo tem você como herói.
ㅤㅤㅤSua sede de mais o levou a caminhos mais sérios e obscuros, você aprendeu muita coisa que uma pessoa qualquer jamais sonharia em pesquisar. Você estava cada vez mais fascinado pelo outro lado e pela magia que ninguém comenta, consumindo cada vez mais desse conteúdo. Até que, um dia, você foi a uma vila antiga, em busca de conhecimentos que ainda eram muito abstratos para o seu estágio atual. Tudo o que você sabia não parecia ser o suficiente para avançar, você precisava de ajuda.
ㅤㅤㅤA vila de pessoas estranhas e mal-encaradas não parecia bizarra o suficiente para você encontrar alguém que possa te ajudar, exceto por um velho ancião. O idoso lhe ouviu e compreendeu sua vontade de conhecimento, ele então lhe ofereceu uma solução: um papel com coordenadas. É neste local onde você encontrará a resposta que precisa, meu jovem. — Disse o ancião, sem dar mais explicações.
ㅤㅤㅤVocê foi. Chegou a um templo muito velho e caindo aos pedaços, já era noite, o que tornava a floresta que o cercava perigosa e o templo abandonado em si ainda mais assustador. E então, você encontrou. Um grimório. Sua capa era preta, com detalhes em um prata bonito que pareciam até refletir à luz da lua. Todas as informações encontradas no exterior do livro estavam em uma língua desconhecida. Ele por si só era encantador só de observar. Foi então que, sem pensar duas vezes, você o levou para casa. Sabia que abrir grimórios longe de um local de proteção não era recomendado, então você guardou a surpresa para quando chegasse.
ㅤㅤㅤE ali se foram dias e dias, procurando qualquer informação de como lidar com aquele livro que já estava o tirando do sério. Feitiços e mais feitiços, rituais e nada. As folhas do grimório permaneciam vazias.
ㅤㅤㅤRevoltado, quando estava a um passo de jogar o tal livro na cara do idoso que lhe ofereceu essa porcaria; a lua cheia o fez brilhar tanto quanto naquela noite. Você sentiu algo estranho, e então o abriu na luz da lua. As palavras surgiram como mágica, lindamente escritas em um prata quase do mesmo tom da capa. Era hipnotizante.
ㅤㅤㅤAs instruções eram claras e indicavam um ritual de invocação. Você ficou muito apreensivo, já que nunca havia feito um antes. Anotou todo o necessário, fez todos os passos durante dias para que nada desse errado. Após diversas purificações, rituais de proteção e todo o possível para não deixar que nada ali tomasse controle na sua realidade, você fez o ritual.
ㅤㅤㅤTudo estava fluindo e parecia dar certo, até você ouvir batidas na porta. Sua esposa o chamava para jantar. Isso foi o suficiente para te distrair e acabar com todo o ritual.
ㅤㅤㅤO ritual ficou instável o suficiente para explodir. Uma carga energética pesadíssima o atingiu com toda força, embrulhando seu estômago e te dando tonturas. Você fez o possível para ignorar todas as sensações ruins e encerrar o ritual por ali mesmo. Usou de todos os seus conhecimentos, ficando exausto depois de horas.
ㅤㅤㅤDe madrugada, as coisas pareciam ter se acalmado. Você já não sentia a energia ruim que pairava no escritório mais cedo. Tudo parecia ter voltado ao normal, então você suspirou e se preparou para dormir. Foi acordado quase de manhã, por uma criatura estranha o olhando no pé da cama. Você a fez voltar para “casa” e então pôde voltar a dormir, para que pudesse trabalhar no outro dia.
Última edição por Admin em Qui Jun 23, 2022 11:03 pm, editado 1 vez(es)